domingo, 14 de dezembro de 2008

Rafa e os outros

A época tenística de 2008 era bastante aguardada.
Esperava-se que alguém se evidenciasse na perseguição ao até então indiscutível líder do circuito mundial e melhor jogador de todos os tempos, Roger Federer.
A verdade, é que a maioria dos críticos apontava para Novak Djokovic como o mais provável sucessor de Federer na poltrona do ranking mundial.
E os apologistas dessa ideia, começaram a sorrir quando nas meias-finais do Open da Austrália, um senhor chamado Djokovic derrotou em três sets o tricampeão Federer, saindo o suíço sem honra da Rod Laver Arena.
O sérvio viria mesmo a vencer o torneio batendo na final o inesperado Tsonga, que havia alcançado a final após bater jogadores como Murray, Gasquet e Nadal.
A época avançou pelos hard courts de Março/Abril, com Djokovic a continuar a sua caminhada bem positiva, vencendo o primeiro Masters Series da época em Indian Wells, caindo depois cedo em Miami onde a vitória sorriu a Davydenko.
Federer e Nadal, continuavam estranhamente sem nada ganhar na nova época e Djokovic estava cada vez mais perto do nº2 de Nadal.
Mas a partir de Abril a época mudou por completo, vindo a ser um jogador a domina-la por completo até ao USOpen.
Federer conquistou o seu primeiro título no Estoril Open, em Portugal, visando chegar na melhor forma possível a Roland Garros, grande objectivo da época para o suíço pelo facto de ser o único título do Grand Slam que lhe falta.
O que é certo, é que Federer não conseguiu ganhar qualquer dos Masters Series seguintes, tendo Nadal vencido Monte Carlo e Hamburgo (batendo na final Federer, sempre de modo muitíssimo equilibrado) e ainda Barcelona. Ao espanhol, só escapou o Masters Series de Roma, no qual foi derrotado por Ferrero, num jogo onde afirmou só não ter desistido por respeito. Esta derrota de Nadal foi a única entre Abril e Agosto. Incrível.
O espanhol ganhou pela 4ª vez seguida o Grand Slam parisiense, de modo verdadeiramente impressionante, tendo não só ganho todos os jogos em 3 sets, como aplicado verdadeiros correctivos em grandes nomes como Almagro, Verdasco e Federer, na final, tendo ganhou por inacreditáveis 6-3 6-0 6-1 (!!!!!).
A terra tinha ficado para trás e o que tinha acontecido, no fundo, tinha sido mais do mesmo, Rafa o melhor do mundo sobre o pó de tijolo, Federer o segundo melhor.
A relva aparecia e esperava-se que com maior ou menor dificuldade, Roger se viesse a impor.
O suíço venceu como normal em Halle, mas Nadal, anormalmente, venceu em Queens, na semana a seguir ao esforço de vencer Roland Garros.
E em Queens, Nadal bateu nomes como Karlovic, Nishikori e Djokovic na final, mostrando que vencer Wimbledon era este ano uma efectiva realidade.
No entanto, as primeiras rondas em Londres mostravam um Federer verdadeiramente imperial, ultrapassando com facilidade alguns suspeitos do costume, como Soderling ou Ancic.
Nadal passou por grandes dificuldades face a Gulbis mas nunca se sentiu ameaçado ao longo das rondas inaugurais. E o que é certo, é que excepto esse set cedido a Gulbis, Nadal não perdeu mais nenhum até à final. Murray ou Schuetler, foram alguns dos nomes aniquilados por Rafa rumo à final, ao passo que Federer marcava presença no último dia após bater um surpreendente Marat Safin que havia esmagado Djokovic na 2ª ronda da competição.
Descrever a final de Wimbledon em palavras é para mim, uma tarefa ingrata mediante a qualidade artística do espectáculo que se desenrolou no passado dia 6 de Julho. Nadal venceu por 6-4 6-4 6-7 6-7 9-7, num dos melhores jogos da história deste desporto.
Nadal, saia assim motivadíssimo para a época pré Jogos Olímpicos/USOpen tendo chegado, visto e vencido no Masters Series Canadiano, em Toronto.
Federer havia acusado a derrota de Wimbledon e perdido na ronda inaugural face ao promissor Simon, que viria a dar cartas daqui para a frente nesta época.
Em Cincinati deu-se o regresso de um Djokovic outrora desaparecido, com maus resultados tanto em Wimbledon como em Toronto. Djoko, bateu Nadal que não perdia desde Abril (estávamos a 2 de Agosto) mas acabou por perder face a Murray, que começava aqui, uma fase de ascensão de qualidade/ranking impressionante.
Os Jogos Olímpicos de Pequim, trouxeram mais do mesmo. Nadal imperial, vencendo toda a gente para chegar ao ouro e Federer a tremer e a perder nos quartos-de-final face a James Blake. Ao suíço apenas valeu o ouro na variante de pares ao lado do compatriota Stanislav Wawrinka.
Avançámos rapidamente para o UsOpen.
Em Nova Iorque a história parecia ir ser a mesma. Federer estava a jogar mal, precisou de 5 sets para ultrapassar Andreev na 4ª ronda, ao passo que Nadal estava tranquilo e a jogar bem.
O que é certo é que ambos os jogadores apareceram nas suas respectivas meias-finais. Federer, venceu de modo fabuloso Novak Djokovic que até então acumulava boas exibições (batendo, entre outros Roddick) ao passo que Nadal perdeu com um não menos brilhante Andy Murray, a jogar um ténis fabuloso que lhe tinha permitido entre outras coisas, ultrapassar Juan Martin Del Potro, jogador que vinha de 4 títulos consecutivos.
Na final, Roger Federer dominou por completo, tendo vencido em magros 3 sets e conquistado o seu 13º título de Grand Slam, 5 em Nova Iorque.
A parte final da época foi uma surpresa geral.
Federer ainda ganhou em Basileia mas não conseguiu ganhar mais nada, tendo sido derrotado por Murray em Madrid e desistido de Paris. Na Masters Cup de Xangai, lesionado, o suíço viria a perder de novo com Murray (e com Simon) não passando da fase de grupos.
Nadal, ainda ajudou a Espanha a qualificar-se para a final da Davis, mas perdeu nas meias de Madrid, desistiu igualmente em Paris e não foi (devido a lesão) nem à Masters Cup nem à final da Davis, onde a Espanha, mesmo sem o Maiorquino, venceu.
Em suma, Nadal foi de longe a grande figura da época. É deste Agosto o novo nº1 mundial num reinado que vai ser bastante difícil de gerir devido aos pontos que tem a defender, à ascensão de algumas das jovens figuras do circuito mundial como Murray, Potro, Tsonga, Gasquet (entre outros) e ainda devido a qualidade clara de Federer (campeão USOPEN) e Djokovic (campeão AOPEN e Masters Cup).
Reflectindo, a valia de Nadal é indiscutível. Se Federer é aos 26 anos, o melhor jogador de todos os tempos possuindo já 13 Grand Slams, Nadal aos 22 anos já tem 5 títulos em duas superfícies tão distintas como a terra e relva. É caso para dizer, venha 2009!

1 comentário:

Anónimo disse...

Que dizer de uma epoca em que o Rafa ganha tudo o que havia para ganhar em terra menos o torneio de Roma e autenticamente passeando classe no Roland Garros, muitos pensaram que Rafa ja tinham feito a sua época enganaram-se.. De seguida ganha o prestigioso Queens e Wimbledon num dos melhores jogos de sempre frente ao Federer. Com a sua epoca feita Nadal vence Toronto em piso rapido e principalmente os Jogos Olimpicos, falhando so o US, perdendo nas meias finais contra um imparavel Murray.. Conclusão Roland Garros, Wimbledon e Jogos Olimpicos numa epoca simplesmente fabuloso. Palavra para o Federer que consegue salvar a epoca ganhando o US, somando 13 vitorias em GS..