segunda-feira, 17 de novembro de 2008

"Um ano sem chefe de fila" Análise do ano tenístico feminino

Seriam poucos, os que efectivamente acreditariam à entrada da época de 2008 que o decorrer e o desfecho da mesma fosse como acabou por ser.
Justine Henin foi líder incontestável da época de 2007, tendo ganho 11 títulos, 2 Grand Slams e o Masters.
Atrás de Justine, seguia uma segunda linha de tenistas com fome de títulos e nº1, como as irmãs Williams, Maria Sharapova, as sérvias Ivanovic e Jankovic e as russas Dementieva ou Kuznetsova.

Mas o início do ano trouxe no entanto a primeira grande sensação: Maria Sharapova.
Ninguém duvida do valor da russa, mas o que é certo é que também ninguém esperava que Sharapova vencesse o Australian Open tendo tido na final o seu jogo mais difícil (7-5 6-3 com Ivanovic), varrendo pelo caminho Elena Dementieva (6-2 6-0), Justine Henin (6-4 6-0) e Jelena Jankovic (6-1 6-3).
Maria, jogou como nunca se viu e continuou a sua onda de vitórias, vencendo Doha e permanecendo imaculada até às meias-finais do torneio de Indian Wells, no qual reapareceu Ivanovic, que depois da final do Open da Austrália contraiu uma lesão no tornozelo que afastou de Doha e a condicionou para o Open do Dubai.

Ana ganhou em Indian Wells sem contestação vindo posteriormente a perder cedo em Miami com a veterana Davenport.
Em Miami, a tradição foi no entanto cumprida. Serena Williams venceu mais uma vez, esmagando pelo caminho Justine Henin nos quartos de final por 6-2 6-0, num resultado escandaloso que começava a levantar a ponta do véu em relação à desmotivação que assombrava Justine.

Tal como os primeiros 4 meses de temporada o início da época de terra batida trouxe novidades e uma líder não definida até Roland Garros.
Na época americana, Sharapova venceu Amelia Island mas foi derrotada na semana seguinte por Serena que viria a vencer em Charleston.

A viajem pelo pó de tijolo europeu pré-Paris, trouxe a mais triste das notícias do ano: A retirada de Justine Henin.
Apesar de todos os maus resultados de início de época Justine possuía ainda o dobro dos pontos da 2ª classificada e era clara e única favorita ao título de Roland Garros.
A derrota com Safina (que viria a ser uma das jogadoras da época) na 3ª ronda de Berlim foi o último jogo da carreira de uma das melhores jogadoras de sempre.
Oito títulos do Grand Slam, dois Masters, uma medalha de ouro olímpica fazem de Justine uma jogadora para mais tarde recordar.

Em Berlim, foi mesmo Safina a ganhar e em Roma, Jankovic (até aqui quase desaparecida) revalidou o título, partindo para Roland Garros na 1ª linha de favoritas.




Perante isto, partíamos para Roland Garros sem favorita definida, com as duas sérvias em boa forma, com Sharapova a ser uma jogadora a ter sempre em conta e com Safina motivadíssima depois do título em Berlim.
Mas em Paris, a princesa de Belgrado Ana Ivanovic foi clara vencedora, perdendo apenas um set em toda a competição, na fantástica meia final com Jankovic, batendo na final da prova a fabulosa Safina que vinha de 12 vitórias consecutivas constando no seu leque jogadoras como Henin, Serena, Dementieva (2 vezes) Kuznetsova e Sharapova.

Ana, assumiu a liderança do ranking até Setembro mas a sua liderança foi um marasmo.
Com uma lesão à mistura, os maus resultados sucederam-se e a sérvia viria a ser ligeiramente esquecida durante o Verão, que começou com uma vitória de

Venus Williams em Wimbledon, em mais uma edição do torneio londrino completamente dominada pelas manas mais mediáticas do ténis mundial, sem que lhes tenha sido oferecida oposição por quem quer que seja.

A época de preparação seria já de forma anunciada, diferente das outras, uma vez que o ano olímpico obrigou a um ajuste nos torneios de Verão assim como a uma viagem sempre dura, para a maioria dos jogadores de top50.

O torneio Olímpico feminino foi marcado pelas ausências de Ivanovic e Sharapova, ambas lesionadas, com a lesão de Maria a ser condicionante até ao final do ano.
A medalhada de ouro foi a sempre discreta Elena Dementieva, que desta feita deixou de ser uma das eternas out-siders passando a ser “a” Campeã Olímpica, tendo ultrapassado pelo caminho Serena Williams e batido na final a melhor jogadora do Verão e vencedor de Los Angeles e Montreal, Dinara Safina.

O UsOpen, foi na minha opinião, o torneio onde as favoritas estiveram mais regulares.
Seis jogadoras poderiam terminar como nº1 o torneio nova iorquino, e apenas duas caíram cedo: Ana Ivanovic, que saiu conformada por ter viajado milhares de quilómetros nos dias anteriores à competição procurando estar presente em Nova Iorque sem estar afectada pela lesão no polegar; e Svetlana Kuznetsova que perdeu cedo confirmando uma segunda metade de época terrível que a afundou na 8ª posição do ranking.

Em Nova Iorque, o apelido Williams brilhou mais uma vez, desta vez pelo mérito da irmã mais nova, Serena, que bateu numa final fabulosa a sérvia Jankovic num jogo que definiu igualmente a 1ª posição do ranking mundial.

Serena substituiu Ana no topo mas não por muito tempo, pois após uma mini época asiática marcada pelas vitórias de Safina em Tóquio e Jankovic em Pequim as jogadoras viajaram para a Europa, com Serena a ser derrotada no único encontro que jogou como nº1, oferecendo o nº1 a Jankovic, que com vitórias em Estugarda e Moscovo viria a capitaliza-lo até ao final da época.



As últimas semanas antes do Masters de Doha trouxeram as qualificações à ultima da hora de Venus e Zvonareva (futuras finalistas) e o ressurgimento (em boa hora) da sérvia Ivanovic que ao vencer Linz (jogando bastante bem) lançou grandes indicações para o último torneio da época.

No entanto, em Doha, as jogadoras contrariaram a regra:
Ivanovic sofreu de virose e Serena de dores abdominais tendo ambas desistido antes de terminar a fase de round robin.
Venus e Zvonareva (duas jogadoras menos cotadas) dominaram os seus grupos e venceram as suas meias finais disputando uma final fabulosa ganha pela americana.

Em suma, e perante uma temporada de altas indefinições no circuito mundial devo dizer que num ano em que as 5 campeãs dos grandes torneios (Grand Slams + JO) foram 5 jogadoras diferentes, este Masters veio atribuir o estatuto de jogadora do Ano à vencedora.
Por mais que Jelena Jankovic seja a nº1 no final da temporada, não podemos fugir ao facto de Jelena nunca conquistou qualquer grande evento, e que Venus, somou esta temporada o seu 5º título de Wimbledon, para não falar no facto da Norte-Americana ter jogado menos de metade dos torneios da nº1 sérvia.

Perante isto, aguarda-se uma época de 2009 muitíssimo aliciante, com Maria Sharapova de regresso a 100% e com os esperados ressurgimentos e ascensões de jogadoras como Anna Chakvetadze, Daniela Hantuchova e Caroline Woznicki.

2009 já chama por nós!

1 comentário:

M4RiT0 disse...

Grande post José !!!! Espectacular mais uma vez !!!

Só espero que o ano de 2009 seja o ano da nossa Ana Ivanovic !!!
Ajde Ana !!!

Grande abraço e mais uma vez, parabéns !!!
Abraço
Mário